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Histórico

A escolha de Tatuí para sediar a primeira escola de música mantida pelo Governo do Estado de São Paulo, na década de 1950, não se deu por acaso. A cidade, a 131km da Capital, vinha de forte tradição musical representada sobretudo pelas bandas de música, presença marcante em todo o interior do Estado.

Nas primeiras décadas do século XX, Tatuí passou por um surto de desenvolvimento econômico ligado às tecelagens. A cidade recebeu novos habitantes de diversas partes do Estado e toda a vida social, incluindo a musical, foi incrementada.
Dessa época, destacam-se personalidades musicais como o violinista Otávio “Bimbo” de Azevedo e o violoncelista João Del Fiol, que fora seu aluno. Juntos, tocavam em orquestras de cinema mudo e integravam uma das mais apreciadas “jazz bands” da região na década de 1920. Del Fiol também se apresentava em igrejas, dava aulas de violino e era afinador de pianos, além de trabalhar como almoxarife da escola técnica estadual “Salles Gomes”. Personalidade lembrada na cidade, teve importância fundamental na fundação do Conservatório. Conta-se que em 1950 o deputado Narciso Pieroni entusiasmou-se com uma apresentação do conjunto de João Del Fiol, e este fez o político prometer a criação em Tatuí da primeira escola pública de música do Estado de São Paulo. Na mesma noite um grupo de intelectuais redigiu o esboço do projeto no bar do Hotel Del Fiol. A ideia era que ela seguisse os moldes do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e da Escola Nacional de Música, no Rio de Janeiro.

A criação da escola foi proposta na Assembléia Legislativa em dezembro de 1950, e sancionada pelo então governador Lucas Nogueira Garcez (1951-1955) em abril de 1951.

O primeiro endereço do Conservatório de Tatuí, provisório, foi uma residência localizada na esquina da rua Humaitá com a José Bonifácio. As primeiras inscrições, em abril de 1954, atraíram 331 candidatos em apenas cinco dias. Todos eram moradores de Tatuí, que contava então com 30 mil habitantes. Dos inscritos, 30 se iniciaram nos cursos, que englobavam canto, piano, violino, violoncelo, flauta, clarineta e congêneres (ou seja, demais instrumentos de sopro) e violão, além dos teóricos harmonia, contraponto e fuga, história da música, pedagogia musical, análise harmônica e construção musical, folclore e arte dramática.

O primeiro diretor da escola foi Eulico Mascarenhas de Queiroz, que trabalhava como redator musical do Teatro Municipal de São Paulo. Entre os músicos que levou para dar aula no Conservatório estava o flautista Spartacco Rossi, compositor e arranjador que teve enorme importância nos primeiros anos da casa, formando a primeira orquestra e promovendo apresentações por toda a cidade. Sob sua batuta, a recém-criada Orquestra Sinfônica de Amadores realizou apresentações das óperas “Juca Pirama” (padre Antonio Massana) e “O Guarani”, de Carlos Gomes. Rossi continuou com atuação intensa na casa até se aposentar em 1970.

Com a saída de Eulico Queiroz, em 1959, a direção da escola foi assumida sucessivamente por Altino Santarém, Yollanda Rigonelli e Djalma de Carvalho Moreira.

Em 1968, era 250 o número de alunos matriculados no Conservatório de Tatuí, quantidade já excessiva para as instalações originais. No mesmo ano assume a direção do Conservatório o professor de flauta e regente José Coelho de Almeida.
Em 24 de abril de 1969, o prédio onde funcionava a Câmara e a Biblioteca Municipal é cedido ao Conservatório de Tatuí em seu atual endereço – rua São Bento, 415. Com o novo prédio, a instituição dobra o número de alunos, chegando aos 600.
O título de “maior escola de música da América Latina” surgiu no ano de 1976, quando o Conservatório de Tatuí ganha uma importante contribuição do empresário José Mindlin. O empresário doa uma enorme quantidade de instrumentos para a escola, fazendo com que esta passasse a ser conhecida como a “maior da América Latina”, naquela época. Outra importante doação ocorre em 1981, quando o empresário Wanderley Bocchi cede um extenso terreno onde hoje está construído o alojamento da escola.

Quando José Coelho de Almeida deixou o cargo, assumiu a direção Hans Joachin Koellreutter, já célebre em todo o Brasil como professor e personalidade musical. No início de 1984, Koellreutter é sucedido pelo maestro Antonio Carlos Neves Campos, que permaneceu à frente da instituição até 2008.

No ano de 2006, a administração do Conservatório de Tatuí deixou de ser diretamente subordinada ao Estado e passou a ser gerenciada por uma Organização Social da Cultura (OS). A Associação de Amigos do Conservatório de Tatuí (AACT) originou-se a partir da Associação de Pais e Mestres (APM) da casa, criada em 1981. No ano em que a Secretaria de Estado da Cultura decidiu modificar a forma de gestão da escola, optou-se por credenciar a APM como uma OS. Esta modificou seu estatuto e criou um conselho, transformando-se na AACT.

O ano de 2006 também marcou a inauguração de um polo do Conservatório de Tatuí em São José do Rio Pardo, cidade localizada ao norte do Estado e com cerca de 50 mil habitantes.

No ano de 2008, o Conselho de Administração da Organização Social aprovou o nome de Henrique Autran Dourado para se tornar o novo diretor executivo, liderando uma nova equipe diretiva da Associação de Amigos do Conservatório de Tatuí. A contratação de profissionais passa a ser feita pelo regime de CLT, há reestruturação do sistema de bolsas de estudo, formação de novos grupos pedagógicos e pedagógico-artísticos, readequação dos espaços físicos para cada área e/ou curso.
No ano de 2012, o Governo de São Paulo cede ao Conservatório de Tatuí um novo prédio, localizado na rua São Bento, 808, onde funcionava o antigo fórum do município. Em 2014, para comemorar os 60 anos do Conservatório de Tatuí, a instituição promove uma ampla série de concertos, shows, encenações, concursos e óperas. Também realiza o Programa de Bandas Coreto Paulista, encontros e Festivais Internacionais para todas as áreas de atuação da escola. Em 18 de janeiro de 2018, a administração passa à responsabilidade da Abaçaí Cultura e Arte, sendo o diretor executivo Ary Araújo Júnior.

Atualmente, o Conservatório de Tatuí é gerido pela Sustenidos Organização de Cultura. A diretoria é composta por Alessandra Costa (Diretora Executiva), Artur Miranda (Diretor Administrativo Financeiro), Francisco Cesar Rodrigues (Superintendente de Desenvolvimento Social) e Claudia Freixedas (Superintendente Educacional). Gerente Geral do Conservatório de Tatuí: Gildemar Oliveira.

 

Saiba quem foi Carlos de Campos, que dá nome à instituição

Estadista, parlamentar, jornalista, político e músico. Este foi Carlos de Campos, que dá nome ao Conservatório Dramático e Musical de Tatuí.

Nasceu a 6 de agosto de 1866 em Campinas e faleceu em 27 de abril de 1927 em São Paulo.

Filho de Bernardino de Campos – que também fora presidente do Estado -, Carlos de Campos nasceu em 1866 e faleceu em 27 de abril de 1927, antes de concluir seu mandato como governador estadual.

Formado em direito, Carlos de Campos era compositor e estudioso da música. Foi fundador e membro da Academia Paulista de Letras, assumindo a cadeira número 16.

Dedicou-se intensamente à vida política: foi membro do Conselho de Intendência Municipal de Amparo; deputado estadual, Secretário de Estado da Justiça e senador estadual. Na área federal, foi deputado e se tornou líder da maioria no governo do Presidente Epitácio Pessoa.

Iniciou seu mandato como presidente do Estado de São Paulo no dia 7 em maio de 1924. Em seu governo, eclodiu a Revolução dos Tenentes, obrigando-o a se refugiar em Guaiaúna, onde estavam concentradas as forças legalistas.

Em sua administração, criou a Guarda Civil e a Força Pública. Antes de falecer, criou, dentro da Força Pública, uma das mais importantes bandas do estado: a Banda da Força Pública que, em 1935, viria buscar músicos tatuianos para sua especialização.

Jornalista desde muito jovem, dirigiu, por várias vezes, o Correio Paulistano, jornal de são Paulo. Como músico, compôs peças líricas, destacando-se “A Bela Adormecida” e “Um Caso Singular”. Algumas de suas músicas avulsas basearam-se nas poesias das “Pedras Preciosas”, de Luis Guimarães Junior.

Decreto de Criação

A criação do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos” de Tatuí foi inicialmente incorporada ao projeto de lei nº 694 de 1950 (R. 769). Onde se lia “fica criado na cidade de Campinas o Conservatório Dramático e Musical Carlos Gomes”, passou a ler-se: “ficam criados nas cidades de Campinas e Tatuí Conservatórios Dramáticos e Musicais”, assinado por Narciso Pieroni em 27 de julho de 1950.

A justificativa do projeto é a que segue abaixo:

“Tatuí é uma das cidades interioranas que com mais carinho se cultiva a arte entre seus filhos. Grande é o número de jovens tatuianos que buscam entre os poucos e modestos professores da localidade aprimorar seus conhecimentos artísticos. Findo os estudos rudimentares com grande sacrifício, dispêndio de tempo e dinheiro em viagens, se locomovem duas ou três vezes por semana, para a capital, buscando nos conservatórios particulares ou no oficial, concluir os estudos iniciados.
Isto se dá, porém, com os mais favorecidos da sorte: os que não têm meios para fazê-lo sufocam de início seus anseios artísticos sendo certo que, por mais abundantes, vão formar o exército de artistas frustrados por falta de apoio vocacional. E quem poderá negar que entre eles poderá estar um embrião que irá, no futuro, aumentar o panteão nacional de virtuoses?
É de notar, também que a criação de um conservatório dramático e musical em Tatuí virá beneficiar todo o sul paulista cujas cidades (Tatuí, Apiaí, Porangaba, Porto Feliz, Tietê, etc) ora mandam estudantes para a Capital, superlotadas as escolas frequentáveis, o que redunda em prejuízo para os educandos.

Outrossim, essa criação é sadio modo de atender a louvável tendência descentralizadora que orienta os setores educacionais, tão bem delineável nos proveitosos projetos de lei em andamento nesta Assembleia, dispondo sobre a criação de Faculdades em diversas cidades do interior paulista.

A emenda não chegou a ser aprovada, mas a criação foi proposta, novamente, em 3 de dezembro de 1950. O projeto de lei, de número 1556, assinado por Narciso Pieroni e Conceição Neves da Costa, criava em Tatuí o Conservatório Dramático e Musical sob os mesmos argumentos da emenda, mas com um detalhe: foi dispensada a publicação da redação e o projeto, aprovado, foi encaminhado diretamente para a sanção do governador Lucas Nogueira Garcez.

O Conservatório de Tatuí foi, então, criado por lei estadual sob número 997 em 13 de abril de 1951.

Capital da Música

Desde sua fundação, a importância do Conservatório de Tatuí fez com que a cidade passasse a ser conhecida e associada à música em todo o Brasil, e não por acaso: além de alunos de São Paulo, o Conservatório abriga estudantes de dezenas de Estados brasileiros além de vários outros países. Tal fama foi oficializada em 2007 por uma lei que torna Tatuí a “Capital da Música” do Estado de São Paulo.

Lei nº 12.544, de 30 de janeiro de 2007. (Projeto de lei nº 676/2004, do Deputado Waldir Agnello – PTB)
Declara como Capital da Música o Município de Tatuí.
O Governador do Estado de São Paulo:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:
Artigo 1º – Fica declarado como Capital da Música o Município de Tatuí.
Artigo 2º – Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio dos Bandeirantes, aos 30 de janeiro de 2007.
José Serra
João Sayad
Secretário da Cultura
Aloysio Nunes Ferreira Filho
Secretário-Chefe da Casa Civil
Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 30 de janeiro de 2007